Leila Mirandola

 

Leila Mirandola: O Calor do Fogo e a Suavidade da Técnica

Por Lilian França

Cerâmica
Os cacos da vida, colados, formam uma estranha xícara.
Sem uso,
ela nos espia do aparador.
Carlos Drummond de Andrade
 

produção da cerâmica Leila Mirandola - Inserindo Impressões

 

produção da cerâmica Leila Mirandola - Inserindo Impressões

 

produção da cerâmica Leila Mirandola - Inserindo Impressões

 

Leila Mirandola é uma ceramista. Mas isso não a define ou a qualifica, posto que a cerâmica é uma técnica milenar, que se abre em múltiplos estilos.
Leila Mirandola é uma artista. Mas isso não a define ou a qualifica, posto que se trata de um daqueles termosvalise no qual parece caber um pouco de tudo.
O que define Leila Mirandola é a paixão com que trata a cerâmica. Paixão só superada pela que tem por sua família. E é com esse carinho e essa intensidade de quem cuida de um filho que elabora cada uma de suas peças.
Nada é inconsequente ou aleatório. Cada forma tem um sentido que se desdobra em mil outros.
Do barro cru, áspero, rugoso, modula placas finas, delicadas, que se enrolam, se dobram sobre si mesmas, se transformam em receptáculos de energia e de luz.
Das altas temperaturas extrai a suavidade e mantém a força http://enligneviagra.net/combattre-contre-verge-doux-possible-laide-viagra-generiques/.
Das altas temperaturas extrai o melhor da cor e do calor.
Cada cerâmica de Leila é única como uma digital, causando a sua própria impressão.
Aliás, impressão é a sua marca. Desenvolvendo uma série de minúsculos instrumentos, lapida como joia cada trabalho, engastado com a força de uma gravadora.
O que qualifica Leila Mirandola é a natureza ultrassensível de sua vida que insere no trabalho de artista-ceramista, empreendendo esforços para estudar mais e mais e não dar trégua a matéria, que, a termo, cede aos seus desejos.
Assim como a cerâmica de Drummond, a cerâmica de Leila nos espia dos aparadores, sempre nos perguntando, nos inquietando e nos dizendo mais do que o visível deixa perceber, assim a primeira vista.

 


Lilian França
Pós-Doutora em História da Arte pela UNICAMP
Profa. do Departamento de Artes e Comunicação Social da
Universidade Federal de Sergipe